8 de maio de 2011



Vivo me lembrando de como a mãe me orientou contra os caminhos do mal. De como a senhora cortava as fotos de mulheres de maiô que O cruzeiro publicava, de maneira que meus olhos não vissem pro coração não sentir. Deu certo. Quer dizer, quase. Cortadas as cabeças, bustos e pernas, eu acabei me fixando no que sobrava e hoje posso ser considerado o maior tarado em pés desta ilha de paz. Só de ver uma sandália eu entro em pecado venial. (...)

[Elizabeth Orsini - Cartas do Coração – Uma Antologia do amor] 

Mãe,


Esse poema não tem nada haver [sic] com o dia das mães porque o dia das mães não tem nada haver. Com amor, Cazuza.



Bem que teus olhos podiam me dizer coisas mais bonitas
Do que a putaria implícita a cada piscada sacana
A cada gesto repetido, meu amor
Você bem que podia dizer coisas menos vulgares
E me chamar pra tomar sorvete, essas babaquices
Que uma mulher carente como eu precisa
Pra identificar qualquer coisa parecida com amor

Eu quero uma dúzia de rosas
Porque meu coração é feito flor que não nasceu direito
Arrancada do galho por alguma mão distraída
Dessas que passam pela rua catucando tudo...

[Elizabeth Orsini - Cartas do Coração – Uma Antologia do amor]