23 de agosto de 2010

Práticas de solidão


Penso que toda vez que encontramos uma pessoa especial, no sentido de debaixo dos cobertores, precisamos levá-la à nossa Paris Imaginária. A experiência me ensinou, contudo, tomar o cuidado para não deixar o outro em questão se apaixonar por esse cantinho, mas ensiná-lo a usar bem o Green Card. Porque ele só deve se apaixonar pelo que você é e não pelo que você deseja e sonha. E, quando chegar aquela hora de dizer um adeus mais definitivo, ou colocar um ponto final, você deve tomar uma coisa dele.

No entanto, essa coisa tem que ser do tipo que não se esgota, que não esteja na ordem do põe-e-tira, não pode ser necessariamente um roubo. Mas algo que começa a se repetir em você tornando-o alguém melhor. É um truque idiota e você vai encontrar livros de auto-ajuda insistindo na aceitação de perdas. Só que apenas se acostumar é complicado demais! Lacan dizia que toda verdade tem uma estrutura de ficção. Então foda-se o mais profundo eu interior. Escolha as pessoas considerando seu coeficiente de surpresas. Tenho vivido melhor assim.

Meu último affair deixou muitos trecos aqui na Minha Paris Imaginária. Coisas que vão da apreciação de Lupicínio Rodrigues ao prazer de jogar xadrez. Tá certo, o tempo foi cruel conosco quando percebeu a intensidade que a coisa toda ia... De forma que o xadrez só ficou na primeira lição. Então, agora que meu amante se foi eu decidi aprender, por conta própria, ser uma campeã de xadrez. [Cof. cof.] Só continuem esse texto se prometerem não fazer julgamentos...

Além de precioso Fitness Mental, eu fico escutando meu Jazzuela, transformo o jogador programado no computador (categoria iniciante) numa espécie de ente daquele que se foi e fico tentando vencê-lo. Assim evito chorar, evito pensar que eternidade não é condição de verdade e que contos de fadas são um saco. Em suma, além de Fitness Mental, faço Fitness Emocional e, quando menos espero, acordo, numa segunda-feira como essa, feito gente grande que acaba de nascer. Só falta uma deliciosa taça de vinho... E daí lembro que também falta dinheiro... Mas, daí sigo o mantra: despreocupa-se e pensa no essencial...

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