Acho que camas de casais não são tão fundamentais. Todo aquele espaço para dois onde se deveria conjugar o dois em um. Tenho pânico de encontrar um parceiro que ache que o meu corpo ou o de qualquer outra pessoa lhe causa desconforto. Estes seres neuróticos e assépticos cobertos de politicamente correto e cartilhas de status quo. Por outro lado, explorar novas posições exige espaço. Dependendo com quem se esteja, é possível que alguém te esfregue por todo o limite do colchão. Inclusive, expandindo-se com partes do corpo no chão. É a liberdade do deitar e rolar. E, em caso de casamento, trata-se do espaço perfeito para conjugar leituras, ou a distância ótima numa briga para que esta não passe de bobagem... Essas coisicas da vida conjugal.
Pensei em ter cama de casal nessa minha solteirice crônica. Eu já sou uma mulher adulta, não estou num quarto na casa da minha mãe e... Simplesmente, não é de bom tom convidar um homem para dividir uma cama de solteiro com você. Eu mesma já me peguei com certos preconceitos a esse respeito. Mas o espaço que eu dispunha era pouco e eu prefiro mil vezes um bom guarda-roupa. Inclusive, se tivesse uma cama de casal não poderia ter meu criado mudo. Eu o adoro! Então comecei a pensar nos benefícios da cama de solteiro.
E a minha é uma delícia, tem o tamanho perfeito para mim, os livros, cadernos e amantes eventuais. Pensei nos últimos, todos dividiram uma cama de solteiro. Nunca pensei em termos de sorte ou azar, mas lembrei da gostosura de me fundir aos peitos gordinhos e quentinhos à procura de um ronronar. Ou do cobertor humano como se eu fosse um filhote de marsupial. Na pior hipótese a promíscua posição bunda com bunda. Mas nada que diminua a hora dos tais segredos de liquidificador. Quando se pode formar com o outro corpo um desenho de um coração na visão de uma aranha no teto. Até usei isso num conto em que dois adolescentes namoravam no quarto.
Pois é. Cama de solteiro é imaturo. Mas eu não me importo. Se o mundo fosse feito de dois tipos de pessoas, as que preferem manga verde à madura, eu diria que eu faria parte do grupo das que gostam da verde. Eu já falei que amo os começos?
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